A pandemia atual quebrou o tabu do trabalho remoto, colocando na pauta das empresas os diferentes modelos de trabalho. Há inúmeros modelos que podemos explorar, mas independente dos estilos que se desejam adotar, é importante haver coesão cultural e flexibilidade por perfil do colaborador e de suas atividades. A agregação de distintos modelos viabilizando esses dois pilares é o que chamamos de OmniOffice.
À medida que os efeitos da crise parecem se estabilizar, vemos que essa tendência veio para ficar. É possível observar benefícios, como casos de diminuição em 41% do absenteísmo, uma estimativa de 50% na redução de atritos entre funcionários e potenciais ganhos de qualidade de vida. Os benefícios de natureza financeira também se destacaram, com exemplos de aumento de até 21% nos lucros devido à redução de despesas com infraestrutura e contas.
Quanto à produtividade dos colaboradores, a empresa de tecnologia BRQ, por exemplo, em entrevista ao Valor Econômico, publicou os dados de sua pesquisa interna. Nesse levantamento, verificou-se que 50% dos seus funcionários disseram se sentir mais produtivos com o trabalho remoto, 72% sentiram um aumento na qualidade de vida e apenas 6% se sentem insatisfeitos. O último grupo mostrou estar relacionado às áreas criativas, que mais requerem dinâmicas interativas orgânicas nas quais surgem novas ideias. Em um outro exemplo, o grupo de logística VLI registrou um aumento de produtividade acompanhado de 80% de satisfação dos colaboradores com o novo modelo, segundo apresentado em evento da Pin People.
Apesar de muitos colaboradores terem uma percepção positiva de produtividade, essa relação pode nem sempre ser compatível com a realidade. A Forbes, por exemplo, publicou que houve uma queda média de cerca de 7% na produtividade dos trabalhadores americanos. No fim, o modelo de trabalho remoto pode funcionar bem para alguns, mas nem tanto para outros. Portanto, não há um modelo único e rígido que necessariamente trará resultados positivos em produtividade e motivação em todos os colaboradores, por exemplo determinando de maneira fixa os dias de trabalho remoto. Aliás, os desafios não param por aí.
O futuro do trabalho está aqui e temos que nos adaptar aos novos desafios. E cultura é um deles…
Os espaços físicos sempre tiveram um grande impacto na construção da cultura, não só pelas interações pessoais, mas também pelos símbolos que decorrem dos espaços e a forma que são organizados. Como, por exemplo, se um dos seus valores envolve transparência, um espaço aberto permite que seus colaboradores se conectem e interajam sem silos, independente do cargo. Um ambiente aberto reforça o valor de que a informação deve fluir livremente.
Conversamos com um especialista em Cultura Organizacional, Almiro dos Reis Neto, consultor e professor de pós-graduação da FGV. Para Almiro, a ideia de cultura tem a ver com a recorrência de um comportamento dentro de um grupo de pessoas e que esses padrões costumam nascer ou ser legitimados por meio da liderança.
Nesse sentido, há uma grande dificuldade do trabalho remoto do ponto de vista da cultura organizacional: o descolamento da liderança. Afinal, as orientações passam a se concentrar muito mais pelos canais virtuais. É importante repensar os comportamentos dentro da realidade de cada modelo de trabalho para evitar o distanciamento e enfraquecimento da cultura.
Se o trabalho remoto não é o modelo ideal, então qual é o futuro? Antes de entender a experiência do colaborador, é possível traçar uma analogia a partir da experiência do cliente…
As lojas físicas já existem há muito tempo, mas o e-commerce transformou o cenário. Há quem acreditasse que esse seria o fim das lojas tradicionais, mas as lojas físicas não só não se extinguiram como, no caso de algumas marcas, continuaram crescendo e se transformando. O diferencial está na maneira de se relacionar com o cliente e não apenas no produto. Mas por que enxergar a experiência física e digital como duas vias separadas?
O omnichannel é uma estratégia que integra os multicanais de uma marca ou negócio em uma única jornada. Tendo o cliente como foco, o modelo visa proporcionar flexibilidade à jornada do cliente. O cliente tem acesso ao que quiser, quando quiser e por onde quiser. No entanto, para alcançar um maior lifetime value, fica claro que o segredo é integrar a jornada usando os dados certos da maneira certa.
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Sob a perspectiva do colaborador, o canal físico que pode ser considerado o mais tradicional são os escritórios. À medida que modelos flexíveis centrados na experiência do colaborador começaram a despontar, ainda que timidamente, observou-se que escritórios de empresas estabelecidas buscaram também se adaptar. Alternativas como os espaços de coworking também passaram a ganhar força no universo das pequenas e médias empresas. Com a pandemia, vemos empresas adotando um formato totalmente remoto. Há quem diga que chegou ao fim a era dos escritórios… Parece familiar?
A pandemia forçou o teste de diferentes formas de trabalho. Com essas novas possibilidades, o conceito do omnioffice é o futuro para traçar a experiência do colaborador que a sua empresa quer passar.
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O modelo omnioffice se apoia em pilares importantes e se adapta aos diferentes perfis e atividades dos colaboradores, disponibilizando a jornada que melhor se adequa para cada um.
- a flexibilização dos modelos e jornadas de trabalho;
- integração de jornadas por meio da coesão cultural;
- mensuração da experiência e produtividade do colaborador.
Ao invés de tentar replicar a jornada do escritório remotamente, é importante identificar e criar símbolos, comportamentos e processos que representam a cultura da empresa no ambiente virtual. A Brex, startup de alto crescimento do Vale do Silício, se inspirou no senso de pertencimento que youtubers conseguem estabelecer com seu público, assim como o senso de comunidade que os gamers criam. De forma análoga, ao invés de replicar a dinâmica de trabalho do escritório no meio remoto, a startup buscou construir uma dinâmica de trabalho nova dentro do ambiente virtual. Ou seja, a ideia consiste em ter abertura para explorar os potenciais do mundo virtual – e não limitá-lo às experiências de antes.
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O omnioffice se trata de conhecer os colaboradores, dar autonomia às lideranças e equipes e monitorar o sucesso da jornada de trabalho, apoiando-se no uso de dados e percepções coletadas. Dessa forma, para implantá-lo, defina os modelos que mais se enquadram à sua realidade e descubra quais são as principais variáveis da jornada do seu colaborador, para monitorá-los constantemente e alterar os modelos de acordo com a necessidade da sua empresa.
Não é apenas work from home e não é apenas work from office. O futuro é omnioffice!
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Fontes externas
[1] Harvard Business Review – A Study of 46,000 Shoppers Shows That Omnichannel Retailing Works
Fonte: https://hbr.org/2017/01/a-study-of-46000-shoppers-shows-that-omnichannel-retailing-works
[2] Harvard Business Review – How to Make the Most of Omnichannel Retailing https://www.google.com.br/amp/s/hbr.org/amp/2016/07/how-to-make-the-most-of-omnichannel-retailing
[3] Censo Coworking Brasil 2019 – A comunidade https://coworkingbrasil.org/censo/2019/#comunidade
[4] The Economist – Death of the office
https://www.economist.com/1843/2020/04/29/death-of-the-office
[5] Harvard Business Review – 7 Factors of Great Office Design
https://hbr.org/2016/05/7-factors-of-great-office-design
[6] HR Rocks – Como O Rh Do Ifood Se Adaptou Para A Crise Da Covid-19
https://www.hr.rocks/2020/entrevistas/employee-experience/luis-gustavo-vitti
[7] WeWork – Here’s how your workspace will influence your next hire
https://www.wework.com/ideas/worklife/company-culture-workspace-talent
[8] Forbes – Bricks And Clicks: The Retail Evolution Accelerates
https://www.forbes.com/sites/forbestechcouncil/2020/04/20/bricks-and-clicks-the-retail-evolution-accelerates/#621158a54efb
[9] Global Workplace Analytics – Latest Work-At-Home/Telecommuting/Mobile Work/Remote Work Statistics
https://globalworkplaceanalytics.com/telecommuting-statistics
[10] Polycom – GLOBAL ANYWHERE WORKING
https://www.polycom.com/content/dam/polycom/common/documents/guides/global-anywhere-working-guide-enus.pdf
[11] Brex – Remote First at Brex
https://medium.com/building-brex/remote-first-at-brex-1252cb30e347
Sobre os autores
Bruno Beltramini é consultor da Visagio, possui experiência em modelo de gestão e cultura no setor de varejo.
Carolina Azaro é consultora da Visagio, possui experiência em transformação das áreas de facilities & workplace.
Giovanna Nogueira é sócia da Visagio, especialista em facilities & workplace e organização do trabalho.
Pedro Pádua é sócio da Visagio, especialista em facilities e programa de eficiência.