O avanço de tecnologias como a Internet da Coisas (em inglês, Internet of Things – IoT), Inteligência Artificial, Big Data, entre outras, revolucionou o mercado e contribuiu para o surgimento da Supply Chain 4.0. Mais rápida, digital, eficiente e precisa. Todas essas mudanças aumentaram tanto o nível de exigência dos clientes como a necessidade de reduzir os custos para manter a vantagem competitiva.
Dentro desse contexto, surge um novo modelo de gestão denominado Torre de Controle, cujo objetivo é monitorar a operação end-to-end e propiciar maior visibilidade e controle. Suportada por sistemas de rastreamento, uma torre de controle fornece dados tanto para uma atuação mais rápida na correção de problemas, como para a prevenção dos mesmos. Além disso, ela facilita a elaboração de planejamentos mais assertivos. De maneira simplificada, a sua função é aumentar produtividade e nível de serviço.
Mais do que uma necessidade tecnológica, a implantação de uma Torre de Controle apresenta um grande desafio de mudança no mindset, pois essa é uma área cross com interface e atuação que vão além das operações e acontecem em diferentes estruturas dentro da organização. Os conceitos de colaboração e gestão de performance são estressados nesse novo modelo estratégico.
Como funciona uma Torre de Controle?
O escopo de atuação e a governança de uma Torre de Controle pode variar de empresa para empresa. Apesar de não haver um modelo único, uma torre de controle pode monitorar operação rodoviária de coleta e/ou de entrega, o ciclo de vida de um produto, dentre muitas outras aplicações.
O esquema abaixo resume um dos modelos possíveis, com dois vieses diferentes: o tratamento dos problemas e a geração de insumos para análises.
O cerne da Torre de Controle é a área operacional, composta por recursos dedicados ao monitoramento e à resolução de problemas. Eles realizam um controle real time, cruzando com o planejado e reportando desvios. Isso permite a rápida identificação e correção de problemas que torna a operação mais produtiva e com um maior nível de atendimento. Por exemplo, um caminhão que tenha algum problema com um pedido pode demorar até três vezes mais para conseguir realizar o processo de carregamento caso não haja uma atuação proativa antecipada. Essa estrutura tem disponibilidade de dados e informações, permitindo que essa tomada de ação seja de forma a minimizar os desvios.
Para isso é importante que existam processos bem estruturados com uma definição clara de papéis e responsabilidades dos envolvidos na operação. A definição do fluxo de informações e triggers para tomada de ações, do nível de resolução de problema e quem é o responsável por essas ações é essencial para o sucesso da torre de monitoramento.
Nesse contexto, o estabelecimento desses triggers é um ponto fundamental. Esses alertas são facilitadores do monitoramento e auxiliam os operadores a priorizarem as ações e a saber quando devem intervir. No entanto, suas métricas devem ser bem definidas para não criar alertas desnecessários que não representam ineficiências no processo.
Complementando essa área operacional, deve existir uma área analítica – que pode ou não estar dentro da estrutura da Torre de Controle. Essa área será responsável por analisar todos os dados gerados para identificação de padrões para atuar nas causas raiz dos problemas. Enquanto a área operacional atua na solução dos problemas, a analítica atua em evitar os problemas, sendo ela a responsável pela mudança de patamar de eficiência da empresa.
Quais sistemas suportam a Torre de Controle?
Um dos pilares de uma Torre de Controle é o sistema de rastreamento, uma vez que ele é o facilitador do monitoramento.
Um sistema robusto possui diferentes requisitos de tecnologia, como por exemplo, uma funcionalidade que permita o monitoramento real time de forma efetiva; inteligência para criação dos triggers e tratamento dos dados e fácil interface para que o usuário possa operar o sistema.
No entanto, uma pesquisa de mercado realizada com diferentes empresas com forte viés logístico, apontou que ainda existe uma baixa maturidade com a relação à tecnologias de monitoramento.
Muitas empresas ainda não possuem nenhum sistema que permita o monitoramento, enquanto outras apresentam sistemas com pouca inteligência e baixo grau de automação. Fica clara a existência de um gap de oferta grande, com poucos fornecedores de baixo grau de maturidade.
Porém, já é possível observar empresas que estão se movimentando para mudar essa situação, investindo em novas tecnologias e desenvolvimento de sistemas customizados. Empresas como Unilever, P&G, L’Óreal, Klabin, Rede e Raízen já possuem torres de controle em suas estruturas, impulsionando assim o mercado a trazer novas tecnologias.
A evolução das Torres de Controle está diretamente relacionada a essa aplicação de tecnologia à operação, se consolidando como uma tendência logística e impulsionando a competitividade das empresas. Sem dúvidas, ainda existe um vasto arsenal de possibilidades a serem exploradas na direção da automatização da tomada de decisão e da intervenção na operação, o que ainda acontece de forma bastante limitada nas empresas. Contudo, não há dúvidas sobre os resultados e eficiência a serem capturados por aqueles que conseguirem vencer esses desafios tecnológicos e de implantação.
Referências externas
[1] Log Web (2019) Torre de controle em “supply chain”. Já ouviu falar? Fonte: http://www.logweb.com.br/colunas/torre-de-controle-em-supply-chain-ja-ouviu-falar/
Sobre a autora
Ana Pantaleão é consultora da Visagio especialista em projetos de logística, supply chain e operações, tendo atuado em áreas operacionais e de suporte no setor de varejo, bancário, óleo e gás, mineração, dentre outros. Possui mestrado em Supply Chain pela Écoles des Mines de Nantes.